04/04/2008

A Grande Farsa

Não pretendia mais tratar deste assunto, mas os recentes acontecimentos me impelem a faze-lo.
No último dia 1 – significativamente o Dia Internacional da Farsa, da Mentira, ou do Otário, conforme o país – a Câmara Municipal de Petrópolis arrematou a disposição criminosa que foi a criação da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos, ratificando os nomes dos cinco personagens indicados pelo gabinete do Prefeito. Assim garantem uma sinecura com recursos públicos, durante quatro anos prorrogáveis por mais quatro. E não podem ser demitidos posteriormente antes do término de seus mandatos. Desta forma, estes comparsas do atual Chefe do Executivo são favorecidos com salários de Secretários Municipais, depois que este deixe o governo em dezembro próximo.
Consta nos jornais que dois Vereadores votaram contra – Márcio Muniz e Marcos Novaes – e um, absteve-se – Márcio Arruda – porque, embora fosse contrário à iniciativa, seu Partido (PMDB) teoricamente faz parte da "base de apoio", e ele é líder do Governo na Câmara, seja lá o que isto queira dizer.
Consta também que outros desses parlamentares tinham restrições aos nomes apresentados, por razões pessoais, mas mandaram às favas suas consciências e seus interesses. Na certa estão devendo alguma coisa.

Ainda existe esperança de que alguma coisa possa ser feita em instâncias legais superiores para revogar definitivamente esta aberração.

É revoltante constatar que a Lei n 6494/07 criando a Agência, estipulou num dos seus artigos que os componentes do Conselho deveriam possuir "notável saber" jurídico; econômico; técnico ou administrativo. No artigo seguinte isenta um dos nomeados destas qualificações, substituindo-a por "relevantes serviços prestados a Petrópolis" na medida para a inclusão do ex-vereador Nelcyr Costa, um dedicado praticante da prestação de favores financiados com dinheiro público, mas de saber muito limitado. Considerar o advogado Sebastião Médici, o contador Paulo Roberto Patuléa e os engenheiros civis Aldyr Cony e Luzimar, como detentores de notável saber jurídico, econômico, técnico e administrativo, além de demonstrar indigência intelectual, é uma afronta acadêmica. Não se conhece nenhuma contribuição, importante ou não, de nenhum deles naquelas atividades.

Mas o que se poderia esperar de vereadores que se chamam "Baninho", "Jorginho" ou "Vadinho", além de subserviência absoluta ao patrão? Precisam desesperadamente dos favores do Prefeito para justificar seus mandatos e manterem-se em seus empregos. Não percebem que o chefe deles não está interessado em reelege-los, nem mesmo em fazer o seu sucessor (que quando chegar a hora vai querer ser reconduzido ao cargo).

Com seus comparsas na Agência Reguladora - numa posição privilegiada para forçar negociações de financiamentos para futuras campanhas do atual Prefeito com empresas concessionárias - e conseguindo colocar na Câmara alguns de seus mais fiéis seguidores, como "Bolão", "Helinho" e outros com apelidos chamativos, acredita que está assegurada sua sobrevida na política local.

Vamos ver se nos lembramos disto em outubro, para darmos o troco a esta camarilha nefasta, mandando-a definitivamente para a lata de lixo da História.


1 comentários:

Anônimo disse...

Nisso tudo diversos aspectos me impressionam:
- A cara de pau do prefeito (o p minúsculo é proposital!)
- A pouca, para não falar nenhuma, revolta da população contribuinte!
- A falta de espírito combativo da imprensa petropolitana!
Será que estamos todos tão contaminados pela falsa, e cara, idéia de que,sobre isso, não há nada que eu possa fazer que valha a pena me fazer sair do meu confortável, e amorfo, silêncio?

Será que que o silêncio é a melhor forma de darmos um basta a esta pouca vergonha?

Abraços

Carlos A Schwanksen

 
Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.