05/12/2008

A asseptica, cara, e espelhada arquitetura moderna

Esta semana fui ao Rio!
Depois de algum tempo sem ter que lá por os pés, esta semana fui obrigado a ir ao Rio de Janeiro duas vezes.
Entrei, e saí, pela perimetral (já de si uma excrescência urbana que impede qualquer integração entre a cidade e a baía, fruto da primazia do automóvel sobre o cidadão) e, mais uma vez, verifiquei o quão é irracional um tipo de arquitetura "sois disant" moderna, com as suas imensas fachadas de vidro, que variam apenas de côr (do funesto preto do edifício Assembléia 10 - não à toa conhecido como Idi Amin Dada - até ao azul espelhado do edifício da Bolsa de Valôres do RJ, todas os tons são permitidos nas fachadas de vidro desses monumentos ao desperdício) e que são autênticos "pára-raios" de calôr, nesta cidade tropical de temperaturas senegalescas!

À coté , englobados num mesmo olhar, os edifícios do Mosteiro de S.Bento, com os pés-direitos altos e as janelas pequenas, e do Distrito Naval (ainda com pés-direitos altos mas com rasgos maiores para a entrada de luz) fazem o contra-ponto entre uma arquitetura que primava pela habitabilidade e conforto - sem descurar da beleza- e essa coisa de hoje em dia que só se interessa pela forma, pela moda importada dos países frios que, ao contrário do nosso, precisam reter calor, e que manda, solenemente, às favas o conforto dos usuários.

Esses edifícios modernos, pasteurizados, de uma estética discutível, são uma autêntica ode ao desperdício de energia (pela fundamental necessidade de enormes sistemas de ar-condicionado, sem os quais seriam inabitáveis), e, pior, conseguem esconder as preciosas construções de épocas passadas que se perdem nas sombras projetadas pelos paquidérmicos edifícios traçados pela moderna arquitetura brasileira, a soldo de interesses imobiliários que não encontram no poder público o contraponto necessário!

Os nossos arquitetos são capazes de mais do que isso!
Nós merecemos mais do que isso!

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