03/06/2008

A amazônia é nossa!? Nossa "deles", ou nossa "nossa"?

A afirmação categórica de Lula: - "A Amazônia é nossa!", em seu discurso para inglês ver, é verdadeira!

Só precisamos qualificar o pronome possessivo "nossa"!

Baseado na pesquisa do INPE, ontem divulgada e nas últimas notícias sobre o assunto, temo que esse "nossa" possa ser afirmado com mais propriedade por Blaggi e seus plantadores de soja, pelos madeireiros, pelos grileiros, e pelas ONGs, internacionais ou não, do que pela NAÇÃO BRASILEIRA!


A pesquisa:
O desmatamento acumulado dos últimos nove meses na Amazônia já superou em 15% o acumulado de 12 meses do ano anterior. Foram 5.850 km2 derrubados entre agosto de 2007 e abril de 2008, comparado a 4.974 km2, entre agosto de 2006 e julho de 2007 - período pelo qual se calcula a taxa anual de destruição da floresta.

Os números, divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), confirmam a tendência de aumento da devastação registrada desde o fim de 2007, após três anos consecutivos de queda. Os cálculos foram feitos com base em imagens de satélite do Deter, que identifica áreas desmatadas ou com floresta em estágio avançado de degradação acima de 25 hectares.

O calendário anual de monitoramento termina em 31 de julho, o que deixa menos de dois meses para que o governo consiga reverter essa alta. Além disso, a tendência é que a pressão aumente daqui para a frente, a medida que a diminuição das chuvas facilita o acesso ao interior da floresta, e que a redução das nuvens escancara o desmatamento dos meses anteriores.

O Estado com a maior área desmatada em abril foi Mato Grosso, com 794 km2.

Cerca de 17% da Amazônia já foi desmatada nos últimos 20 anos - 4 milhões de km2, área equivalente aos territórios de Minas Gerais, Rio e Espírito Santo. Isso equivale a um campo de futebol destruído a cada 10 segundos.
Enquanto o governo não sair do atual estado de absoluta indiferença, senão cumplicidade e não passar do discurso à ação, entendida esta como:
- uma política que permita o desenvolvimento sustentado da região com a participação dos milhões de brancos, índios, negros e amarelos que de lá precisam retirar o seu sustento;
- programas de manejo da floresta;
- incentivo à instalação de organismos nacionais de pesquisa da biodiversidade existente (quanto não se pode auferir de riqueza, e emprego, na área farmacêutica e cosmética? - o Chanel 5 só é o que é porque tem essência de pau-rosa na sua fórmula );
- presença do estado brasileiro (com guarda-florestal, escolas, universidades, postos de saúde, água e esgoto, polícia, etc);
- colocação do meio-ambiente como um dos condicionantes para a tomada de decisões governamentais;
enquanto isso não for feito, dizia eu, seremos obrigados a continuar ouvindo o nosso presidente se defender (como sempre, aliás!) usando os mal-feitos dos outros para justificar os próprios!

O nosso problema não é saber o que, em séculos passados , eles fizeram com as suas florestas, mas o que nós estamos fazendo com as nossas!

Não me parece razoável que, numa época em que, pela internet, eu consigo ver com nitidez o telhado do canil aqui de casa, o governo, com toda uma cara parafernália de satélites vigilantes dos programas do Inpes e do Sivam-Sipam, descubra uma tribo de índios porque, por acaso, um avião sobrevoou a região, ou não saiba, se quiser, o desmatamento dia a dia!

A impressão que dá é a de que o governo não faz nenhuma questão de deter a degradação ambiental!

Enquanto as soluções forem as de caçar boi no pasto e premiar, com financiamentos subsidiados para replantio, os responsáveis pelo "desplantio", teremos que dar razão ao Sponholz:



E, é bom não nos esquecermos que, seja lá qual for o novo presidente dos EUA, a pressão mundial vai aumentar! Ao contrário de Bush, e antenados com a crescente preocupação internacional, todos os candidatos colocaram a questão ambiental como um dos pontos fulcrais de suas campanhas! Afinal, os pais, sejam eles brasileiros, europeus, norte-americanos, asiáticos ou africanos, estão preocupados com a qualidade de vida que deixarão para os seus filhos! (Ou deveria dizer com a possibilidade de vida para os seus netos?)

Que tal fazermos o nosso dever de casa e exigirmos que o governo faça o dele?

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