24/03/2008

Meio ingresso e unhas encravadas

O assunto do meio-ingresso par estudantes levantado pelo Luis Felipe no artigo Panis et Circences? (leia abaixo) é um daqueles casos, típicos em nosso País, em que a intervenção do Estado naquilo que não lhe diz respeito acaba provocando distorções que, não raro, acarretam consequências opostas aos efeitos pretendidos pela fúria legislativa a soldo de interesses meramente corporativos.

O correto seria que cada produtora de espetáculos estipulasse, se assim julgasse conveniente, um percentual qualquer de ingressos mais baratos (para estudantes, sindicalizados, portadores de unhas encravadas, ou o que mais lhe conviesse!). Se órgãos de representação de alguma classe, ou atividade, julgassem interessante para os seus membros conseguir algum tipo de vantagem, que a fossem negociar!

Mas isso dá trabalho!

Então, e já que a UNE obteve o monopólio das carteirinhas, que rendiam a seus cofres milhares de reais sem fazer força, e a seus dirigentes possibilidade de alcançar evidência que lhes permitisse fazer carreira política às custas de mobilização de massas estudantis em torno de causas simpáticas (não é Lindinho?), conseguiram, e os nossos políticos adoram fazer caridade com o dinheiro dos outros - normalmente o meu/seu/nosso -, que fosse aprovada essa excrescência!

O resultado está aí!
Já que não há almoço grátis, os preços dobraram (portanto, para os estudantes não há nenhuma vantagem), parte da população foi alijada dos espetáculos, a que ainda consegue ir, reclama dos preços exorbitantes, os produtores se queixam de salas vazias, a indústria das carteirinhas falsas vai de vento em pôpa!

Por outro lado um brasileiro médio não passa mais de 12 anos nos bancos escolares, mas vive 72 anos. Ou seja, está trocando 12 anos de ingressos pretensamente mais baratos, por 60 anos de bilhetes ao dobro dos preços que poderia ter! (A respeito disto, o Estadão trás uma matéria em que demonstra que o preço dos ingressos dos shows internacionais de artistas de Rock e Pop chega a ser até 4 vezes superior ao que era praticado em 1998. O show de Ennio Morricone que acontecerá hoje, por exemplo, tem ingressos sendo vendidos por até R$ 1 500,00!).

Mas, e como a causa é, para usar outra excrescência em voga, politicamente correta, danemo-nos todos!

0 comentários:

 
Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.